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domingo, 28 de dezembro de 2014

Os 25 melhores discos nacionais dos anos 90

Por André Marques

Salve o cenário musical dos anos 90! É possível chegar a essa saudação de maneira instantânea após um grande levantamento dos discos lançados na época. Mais de 60 álbuns foram revistos e relembrados, e a constatação de que em poucos momentos na história da música brasileira houve uma pluralização tão grande de estilos, sotaques e rica musicalidade. Relembre agora os 25 grandes trabalhos daquela década.


25º "Na Calada da Noite" - Barão Vermelho (1990)
A banda carioca ainda assimilava a saída de Cazuza, e mais do que isso, convivia com a doença do cantor que mobilizava todo o Brasil. Mas o bom e puro rock and roll não ficava de lado, e Na Calada da Noite mostra toda o peso de Frejat e sua trupe. Este disco é uma espécie de continuação competente do excelente Carnaval, lançado pela banda em 1988, e que foi o primeiro sem Cazuza. Deste álbum, destaque para a balada O Poetá Está Vivo.



24º "Paratodos" - Chico Buarque de Holanda (1993)
Pra quem influenciou toda uma geração de grandes cabeças a partir dos anos 60, não era difícil ver o mestre Chico Buarque inserido em meio ao universo dos 90, e isso aconteceu em grande estilo. Paratodos seguramente não está entre os melhores discos do artista, mas é muito apropriado para a época, já que Chico trouxe uma analogia entre sua vida e seus ancestrais, sobretudo na faixa título, quando ele cita de Roberto Carlos à Tom Jobim, de Rita Lee à Jorge Ben.






23º "Manual Prático Para Bailes, Festas e Afins" - Ed Motta (1997)
Certa vez, a enciclopédia da música brasileira Nelson Motta chamou a atenção de Tim Maia sobre o som de seu sobrinho, e então o Síndico disparou:E "Esse menino precisa ser corneado.... Precisa fazer músicas mais românticas..." A verdade é que Ed Motta sempre seguiu o caminho mais dançante e "swingado" de seu tio. E o seu manual de 97 é um dos trabalhos mais marcantes de uma carreira brilhante.




22º "Nove Luas" - Os Paralamas do Sucesso (1996)

Em um determinado momento dos Anos 90, os Paralamas do Sucesso foram a banda mais aplaudida do Brasil. E este momento coincide com o lançamento de seu Nove Luas, oitavo trabalho de Herbert Viana, Bi Ribeiro e João Barone. Isso tudo ao estrondoso sucesso de Lourinha Bombril, além da balada gostosa La Bella Luna. Fato é que os Paralamas conseguiram se renovar desde o surgimento no início dos anos 80, e na década seguinte conseguiram se manter entre as mais consagradas bandas brasileiras.






21º "Contrasenso" - Paulinho Moska (1997)
Nos anos 80, o rock foi o estilo musical mais popular do Brasil, e com isso muitas bandas puramente comerciais tiveram seus cinco minutos de fama. Casos de João Penca, Dr. Silvana, Herva Doce, Yahoo e os Inimigos do Rei. Pois é, esses últimos tinham como um de seus integrantes Paulinho Moska, que nos anos 90 mostrou todo seu talento como um dos ótimos nomes surgidos na MPB naquela época. Seu terceiro disco é o seu trabalho mais bem acabado, e muitíssimo bem situado no rico cenário dos 90.






20º "Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo" - Cássia Eller (1999)
Uma voz de trovão agitou o brasil entre as décadas de 90 e 00. Tratava-se de uma cantora tímida, retraída, até um pouco esquisita, mas dona de um talento inigualável. Quem quiser cravar Cássia Eller como a maior cantora brasileira de todos os tempos, pode fazê-lo sem constrangimentos. Seu oitavo disco, de 99 trouxe notoriedade à cantora, que não teve tempo de desfrutar de seu sucesso, pois faleceu em 2001. Mas essa obra merece o devido registro.





19º "Circuladô" - Caetano Veloso (1991)
Mais um caso de um nome renomado que mostrou um bom serviço na época. O som deste álbum de Caetano Veloso é recheado de melodias típicas dos grupos ingleses famosos dos anos 80, e as letras muito criativas e inteligentes. Ou seja, Caetano estava em plena forma, e pavimentava sua condição de ícone pop da música brasileira, sendo um dos artistas mais assíduos da extinta MTV Brasil. Destaque absoluto para a faixa Fora da Ordem, uma espécie de premunição do bom baiano, por que não?




18º Pedro Luis e A Parede - "É Tudo 1 Real" (1996)
Os grupos que tinham o privilégio de contar com uma generosa linha de percussão chamavam atenção na época, e quem adotou esse estilo com muita propriedade foi o competentíssimo Pedro Luis e sua Parede. Numa excelente paródia com relação ao real, moeda que ainda entrava no cotidiano e no hábito das pessoas, a banda conseguiu um lugar ao sol em um disputado cenário. Após se desligar de sua Parede, Pedro Luis seguiu uma sólida carreira como compositor e produtor musical.





17º "Virgulóides?" (1997)
Em época de grandes misturas e experimentos musicais, nada melhor do que a mistura entre o samba de Partido Alto no melhor estilo Bezerra da Silva com o peso das melhores bandas de hardcore. Esse foi o Virgulóides, uma banda da Baixada Santista, que pode ser considerada uma das mais criativas da época. O disco de estreia é bom do começo ao fim, com as letras de "sacanagem" em meio a muito barulho de uma competente banda, que infelizmente sumiu do mapa.






16º "Jorge Cabeleira e o Dia Em Que Seremos Todos Inúteis" (1994)
Em qualquer lugar que você se sentar para ouvir este grande disco, vai se imaginar no Nordeste. Ou pelo menos imaginar como ele é. É inevitável a relação da terra com o som dessa excelente banda pernambucana, que no disco de estreia trouxe uma cover incrível de Luiz Gonzaga em hardcore. Com um bom sotaque e uma música de tirar o chapéu, o Jorge Cabeleira é mais uma das brilhantes bandas dos anos 90 que nunca mais vieram à tona.




15º "Preste Atenção" - Thaide e DJ Hum (1996)
Os Anos 90 marcam definitivamente a adesão do público brasileiro ao hip-hop. E diante deste cenário, não poderia faltar o mestre Thaide e o seu fiel escudeiro DJ Hum. E a nostalgia foi a base deste grande disco, sobretudo com o sucesso de Sr. Tempo Bom, uma música que já nasceu fadada a tornar-se um clássico. A verdade é que Thaide mostrou a toda turma que fazia o bom rap na época, que seu lugar é único como lenda do rap nacional.






14º "Samba Esquema Noise" - Mundo Livre S/A (1994)
A cena Manguebit dos Anos 90 foi marcante e intensa, e um dos grandes representantes desse movimento doi o Mundo Livre S/A. Comandada pelo criativo e competente Fred 04, a banda representou uma espécie de alternativa mais underground para quem se envolvia com o som do maracatu levado por grande batidas. O disco de estreia Samba Esquema Noise tem faixas que falam com exatidão do mangue e do nordeste em geral. Uma grande obra digna de representar com propriedade o manguebit.






13º "Maskavo Roots" (1995)
Uma obra-prima! Sem exageros, mas se você estiver inpirado para ouvir o disco de estreia dos brasilienses do Maskavo Roots, que hoje tem o nome de Maskavo, simplesmente, vai em algum momento fazer alguma comparação com os Novos Baianos, e chegar a conclusão que estre trabalho pode ser definido como o Acabou Chorare dos anos 90. Do começo ao fim do disco, só grandes músicas e a certeza que o Maskavo Roots foi uma das mais brilhantes bandas da época. Certa vez, Herbert Vianna e Samuel Rosa definiram a música Tempestade como a melhor música pop dos Anos 90.



12º "Gol de Quem?" - Pato Fu (1995)

Houve quem desconfiasse que os mineiros do Pato Fu não durariam muito. A banda sempre teve como seu grande atrativo os experimentos com instrumentos inusitados e nenhum compromisso em chegar aos "sons comuns" que poderia se ouvir na época. A verdade é que a banda pode ser facilmente considerada uma das melhores surgidas nos 90, e a prova disso é este excelente álbum, o melhor da carreira dos caras. Destaques para a reflexiva Sobre o Tempo e a eufórica Qualquer Bobagem, música de Tom Zé regravada com muito propriedade pelo Pato Fu.





11º "Bebadosamba" - Paulinho da Viola (1996)
O sucessor de Cartola se encontrava em plena forma nos Anos 90. No auge de seus 50 anos, Paulinho foi preciso ao fazer uma grande reflexão do samba e sua história. E quem melhor do que ele pra fazer este trabalho? Paulinho é um mestre, um nome cativante da música brasileira e um de nossos artistas mais competentes em todos os tempos. Bebadosamba é uma aula de música e nos remete aos grandes carnavais de outrora, que tinham como berço os "moleques bamba" de nossa musicalidade. 




10º  "Roots" - Sepultura (1996)
Pode parecer paradoxo, mas os artistas brasileiros com maior êxito fora do país na história da música brasileira são os mineiros do Sepultura. E os Anos 90 marcaram o auge dessa banda mais do que espetacular. Foi a época em que os irmãos Cavalera e cia. agregaram ao peso do metal toda a brasilidade de nossa música. A banda ficou confinada em uma tribo indígena, e de lá tirou toda a influência para esse disco fantástico. Destaque para a clássica Roots Bloody Roots e para Ratamahatta, música que conta com a participação especial de Carlinhos Brown.





9º "Mamonas Assassinas" (1995)
Precisa falar algo a respeito deste disco? Trata-se do maior sucesso comercial dos Anos 90 e um dos maiores fenômenos da história da música brasileira. Todas as faixas do disco de estreia dos Mamonas viraram hit. Vira-Vira, Pelados Em Santos, Robocop Gay, e por aí vai. A banda que agradou todos os públicos. De todas as idade, de todas as classes sociais. A morte de todos os integrantes em 1996 foi o capítulo final de uma das histórias mais fugazes de todos os tempos. Ah! E o disco é ótimo! E a banda era excelente! 


8º "Lado B, Lado A" - O Rappa (1999)
No finalzinho da década, um clipe revolucionário foi lançado pela MTV Brasil. Tratava-se de A Minha Alma, A Paz Que Eu Não Quero. Uma perfeita crítica social e que deu origem ao maior filme da história do cinema brasileiro: Cidade de Deus, cujos alguns dos diretores são os mesmos, caso de Katia Lund, que assina a direção do clip. O disco traz outras músicas de mensagem direta como O Que Sobrou do Céu, e a faixa-título do disco. Este foi o trabalho que alavancou a carreira do Rappa, que a partir daquele instante se consagrava como uma das bandas mais populares do Brasil.



7º "Gabriel O Pensador" (1993)
Além de pensador, um gênio! O homem que quebrou todos os paradigmas do rap nacional. Oriundo da classe média alta carioca, o menino Gabriel àquela altura debochava de seu próprio universo, e foi assim que surgiu ao cenário com a brilhante Retrato de Um Playboy. E logo em seu disco de estreia, criou um personagem para a cultura pop nacional, pois a Loura Burra, tão lembrada nas rodas de piada, foi inventada por ele. Apesar de sua origem, o sentimento de injustiça, elemento básico do hip hop, sempre esteve presente em suas músicas, e para um disco de estreia, esta obra de 93 foi um estrondoso cartão de visita.




6º "O Samba Poconé" - Skank (1996)
O Noventa por Hora utilizou como critério incluir um único disco de cada artista na lista dos 25. E com isso, ficou difícil decidir entre Calango (94) e O Samba Poconé. O primeiro vendeu mais e lançou mais hits. Mas este disco mostra um Skank musicalmente perfeito. A mescla de grandes hits como Garota Nacional e É Uma Partida de Futebol até as sensacionais Zé Trindade e Eu Disse A Ela. A banda mineira chegou ao ápice da carreira, consolidando-se como a banda mais consagrada dos Anos 90 e iniciando uma fase que se aprofundou nos discos seguintes, de um Skank mais introspectivo e menos "comercial". O Samba Poconé é certamente a síntese da carreira desta grande banda.





5º "Usuário" - Planet Hemp (1995)
Rock-atitude. Quantas vezes já ouvimos essa expressão. Nos acostumamos a ver ao longo da história as grandes bandas de rock encantando não só pela música. Mas sobretudo pela mensagem. E em 1995 uma turma de maconheiros cariocas resolveram falar tudo que estava engasgado. Legalize Já foi o grito de desabafo de Marcelo D2, B Negão e cia. Eles tocaram na ferida e saíram definitivamente do lugar comum. Foram presos, perseguidos, discriminados. Mas a obra estava feita, e Usuário, álbum de estreia da banda é lendário. Mostra uma banda engajada com suas ideias, mas também incrivel musicalmente falando. A fusão entre hardcore, hip-hop e samba é pioneira na música nacional. O Planet Hemp é um dos raros casos em que um disco já basta para defini-los como uma das maiores bandas da história do rock nacional. E esse disco é Usuário.




4º "Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão" - Marisa Monte (1994)
Ahh, o que dizer de Marisa Monte? Ela é perfeita! Só o nome do disco é uma poesia e já valeria a sua inclusão nessa lista. Mas o terceiro álbum da cantora é muito mais do que isso. Músicas cativantes, arranjos perfeitos e o carimbo que só Marisa Monte é capaz de bater em suas canções. Através deste trabalho, ela ganhou prêmios aos montes e ganhou a batuta de melhor cantora nacional da época. Além da independência musical que a transformou em uma das primeiras a bater de frente com as gravadoras e montar o seu próprio selo. A MPB esteve muitíssimo bem representada com essa carioca talentosa e invejada.




3º "Da Lama Ao Caos" - Chico Science & Nação Zumbi (1993)
O maior nome da música nacional surgido nos Anos 90 teve uma carreira muito curta. Se julgarmos a excelência de Da Lama Ao Caos, álbum de estreia de Chico Science, podemos imaginar que sua carreira seria perfeita. A fusão entre tambores, guitarras distorcidas e caranguejos foi um soco no estômago do público e da crítica que ficaram atordoados, sem entenderem muito bem que som era aquele. A Nação Zumbi possui músicos incríveis e a união com Chico foi providencial. Quando já sabíamos que Chico Science era um dos grandes talentos da música brasileira nos últimos anos, testemunhávamos seu afastamento trágico em 1997. Ficaram a lama e o caos de sua música mágica.




2º "Sobrevivendo No Inferno" - Racionais MC's (1997)
Até 97, o hip hop tinha aceitação parcial entre o grande público. Até as novidades vindas de fora não emplacavam muito por aqui. Mas em um determinado dia, você podia ouvir nos auto-falantes dos carros importados nos bairros de luxo das grandes cidades brasileiras um disco de rap sendo executado à exaustão. Era Sobrevivendo No Inferno dos Racionais MC's. O grupo consagrou um movimento que não parou de revelar grandes nomes de lá pra cá. Mano Brown é colocado por grandes cabeças neste país como um poeta da periferia, e Edi Rock é venerado pela sensibilidade de suas letras. Até quem nunca entrou numa favela aplaude de pé esta obra-prima que é o divisor de águas do rap no Brasil.




1º "Raimundos" (1994)
Um disco com pouco mais de trinta minutos e repleto de palavrões pesadíssimos é o melhor disco nacional lançado nos anos 90? Sim. E com sobras! Imagine você a reação do público ao ouvir Nega Jurema pela primeira vez. Uma pegada nordestina para um hadcore a la Ramones é a marca do disco de estreia dos Raimundos. Descobertos pelo pessoal dos Titãs, a banda gravou este trabalho praticamente de forma idependente, e o resultado foi avassalador, se não no aspecto comercial, mas para o cenário jovem da época. Os Raimundos foram a banda dos 90 que mais influenciou a cabeça dos jovens da época, pois a mensagem era curta, grossa e sensacional. Os repentes de duplo sentido, ou até mesmo de sentido único, em meio aquele barulho todo é o que de mais genial surgiu no rock da época. A experiência da Roda Viva contada por Rodolfo é facilmente identificada por 99% dos adolescentes da época. Entre Raimundos e os fãs, foi amor à primeira vista.

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