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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Os dois melhores discos dos anos 90?

Por André Marques

Claro que toda unanimidade é burra, já dizia Nelson Rodrigues. E neste caso, ela nem se faz presente. Mas é certo que "Blood Sugar Sex Magik" dos Red Hot Chilli Peppers, lançado em 1991 e "Mellon Collie And The Infinite Sadness" do Smashing Pumpkins, de 95, são duas das mais fantásticas obras dos Anos 90, e mais do que isso, da história do rock. O Noventa por Hora vai trazer agora uma contextualização do que representou esses lançamentos na época.

O momento mais genial dos Chili Peppers

Nos anos 80, a banda californiana surgiu para o cenário de maneira tímida, porém importante. A fusão de estilos que variavam entre o rock, o funk (o orignal, esqueçam o ritmo é conhecido como funk hoje no Brasil) e o hip hop. Toda essa miscelânia musical, aliada ao carisma dos integrantes, transformaram a banda nos queridinhos dos críticos norte-americanos. Mas havia ainda um certo desconhecimento popular com relação ao trabalho dos Peppers em âmbito mundial. No álbum de 1989, chamado "Mother's Milk", houve um despertar do público, sobretudo devido à regravação de "Higher Ground", de Stevie Wonder. Mas ainda não era suficiente.

O reconhecimento tardio surgiu com o lendário "Blood Sugar Sex Magik", um trabalho épico, que deu à banda o status (merecido) de uma das maiores bandas do planeta. O lançamento de "Give It Away" espantou (no bom sentido da palavra) público e crítica nos quatro cantos do planeta. Era o segundo disco com a participação de John Frusciante na guitarra, e sua participação nesta gravação é marcante. Todo o sucesso deste álbum se deve muito ao produtor Rick Rubin, que isolou a banda em uma mansão  que pertenceu a Rudolph Valentino, em Laurel Canyon. Durante oito semanas, Rick usou uma estratégia diferenciada para a gravação: os músicos tocaram frente a frente, no mesmo quarto, usando a menor tecnologia possível, para garantir uma sonoridade crua. No clipe de "Suck My Kiss", foram usadas imagens da gravação do disco.

O grande sucesso de "Blood Sugar Sex Magik" foi sem dúvida a balada "Under The Bridge", que permaneceu por 12 semanas consecutivas no topo da parada da MTV norte-americana. Esta música foi sucesso não só nos Estados Unidos, como no mundo. Ela foi escrita pelo vocalista Anthony Kiedis, que fala de sua relação com as drogas. A música conta com a participação de Gail Frusciante, uma cantora gospel que havia abandonado a sua carreira para se tornar dona de casa. Este álbum representa o momento mais genial da carreira dos Chilli Peppers. Relembre agora o clássico "Give It Away", talvez o clipe mais marcante da carreira da banda.



Poucos sabem que este é um dos maiores discos da história do rock. Fantástico. Genial. Soberbo. E ainda faltam adjetivos para definir a obra-prima lançada pelo Smashing Pumpkins em 1995. 


A banda liderada pelo gênio Billie Corgan já havia deixado sua marca com os dois bons álbuns de estreia: Gish, de 1991 e Siamese Dream, de 1993. Após o enorme sucesso da balada "Disarm", o mundo se preparou para o lançamento de "Mellon Collie And The Infinite Sadness", o álbm duplo do Smashing Pumpkins. A pré-audições dos principais críticos de revistas especializadas em música aqueceram ainda mais as expectativas, e o lançamento confirmou o que se esperava. O mundo estava diante de um momento épico.

A abertura dos trabalhos coube à poderosa "Bullet With Butterfly Wings", que já mostrava um Smashing Pumpkins mais inovador e desafiador. O próprio Corgan admitiu que todo o sucesso feito pelo grunge nos anos anteriores, sobretudo com o Nirvana, fez com que ele se sentisse pressionado, por ele mesmo, a produzir um álbum grandioso e único. Algo que nasceu com a proposta de entrar para a história. Dito e feito!

Os grandes hits desse álbum foram as melódicas "1979" e "Tonight Tonight", que se transformou em um vídeo clipe impactante dirigido pela dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, e rendeu a banda seis prêmios no Video Music Awards, de 1996. Fora isso, no mesmo ano a banda concorreu a sete prêmios Grammy. Sem a menor sombra de dúvida, os Smashing Pumpkins foram a banda mais comentada daquele ano, e certamente a mais aplaudida.

Guardadas as devidas proporções, algumas das canções gravadas nesse álbum lembram boa parte do repertório do Queen, pelo flerte com orquestras, utilização de violinos, sempre aliados ao peso de guitarras distorcidas. Essa junção foi certamente o ponto principal do estrondoso sucesso do álbum, até porquê tudo isso foi feito de maneira brilhante, sem parecer apelativo ou exagerado. É como se fosse uma receita para um jantar de gala, em que cada ingrediente é adicionado após um minucioso estudo e muito cuidado.

Infelizmente, "Mellon Collie And The Infinite Sadness" não ocupa hoje o lugar que merece. Em todas as eleições de grandes discos da história do rock, esse álbum nunca aparece. Um grande equívoco. Afinal de contas, ele não fica atrás de grandes obras de bandas mais cultuadas. O próprio destino da banda, após esse disco favoreceu esse parcial esquecimento. Dominado pela vaidade, Billie Corgan se deixou levar pelo sucesso e nunca mais foi o mesmo. Consequentemente, sua banda nunca mais foi a mesma. Agora, vamos lembrar dos tempos áureos, relembrando o premiado clipe de "Tonight Tonight".





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