Por André
Marques
Claro que
toda unanimidade é burra, já dizia Nelson Rodrigues. E neste caso, ela nem se
faz presente. Mas é certo que "Blood Sugar Sex Magik" dos Red Hot
Chilli Peppers, lançado em 1991 e "Mellon Collie And The Infinite
Sadness" do Smashing Pumpkins, de 95, são duas das mais fantásticas obras
dos Anos 90, e mais do que isso, da história do rock. O Noventa por Hora vai
trazer agora uma contextualização do que representou esses lançamentos na
época.
O momento
mais genial dos Chili Peppers
Nos anos
80, a banda californiana surgiu para o cenário de maneira tímida, porém
importante. A fusão de estilos que variavam entre o rock, o funk (o orignal,
esqueçam o ritmo é conhecido como funk hoje no Brasil) e o hip hop. Toda essa
miscelânia musical, aliada ao carisma dos integrantes, transformaram a banda
nos queridinhos dos críticos norte-americanos. Mas havia ainda um certo
desconhecimento popular com relação ao trabalho dos Peppers em âmbito mundial.
No álbum de 1989, chamado "Mother's Milk", houve um despertar do público,
sobretudo devido à regravação de "Higher Ground", de Stevie Wonder.
Mas ainda não era suficiente.
O
reconhecimento tardio surgiu com o lendário "Blood Sugar Sex Magik",
um trabalho épico, que deu à banda o status (merecido) de uma das maiores
bandas do planeta. O lançamento de "Give It Away" espantou (no bom
sentido da palavra) público e crítica nos quatro cantos do planeta. Era o
segundo disco com a participação de John Frusciante na guitarra, e sua
participação nesta gravação é marcante. Todo o sucesso deste álbum se deve
muito ao produtor Rick Rubin, que isolou a banda em uma mansão que pertenceu a Rudolph Valentino, em Laurel
Canyon. Durante oito semanas, Rick usou uma estratégia diferenciada para a
gravação: os músicos tocaram frente a frente, no mesmo quarto, usando a menor
tecnologia possível, para garantir uma sonoridade crua. No clipe de "Suck
My Kiss", foram usadas imagens da gravação do disco.
O grande
sucesso de "Blood Sugar Sex Magik" foi sem dúvida a balada
"Under The Bridge", que permaneceu por 12 semanas consecutivas no
topo da parada da MTV norte-americana. Esta música foi sucesso não só nos
Estados Unidos, como no mundo. Ela foi escrita pelo vocalista Anthony Kiedis,
que fala de sua relação com as drogas. A música conta com a participação de
Gail Frusciante, uma cantora gospel que havia abandonado a sua carreira para se
tornar dona de casa. Este álbum representa o momento mais genial da carreira
dos Chilli Peppers. Relembre agora o clássico "Give It Away", talvez
o clipe mais marcante da carreira da banda.
Poucos
sabem que este é um dos maiores discos da história do rock. Fantástico.
Genial. Soberbo. E ainda faltam adjetivos para definir a obra-prima lançada
pelo Smashing Pumpkins em 1995.
A banda liderada pelo gênio Billie Corgan já havia deixado sua marca com os dois bons álbuns de estreia: Gish, de 1991 e Siamese Dream, de 1993. Após o enorme sucesso da balada "Disarm", o mundo se preparou para o lançamento de "Mellon Collie And The Infinite Sadness", o álbm duplo do Smashing Pumpkins. A pré-audições dos principais críticos de revistas especializadas em música aqueceram ainda mais as expectativas, e o lançamento confirmou o que se esperava. O mundo estava diante de um momento épico.
A banda liderada pelo gênio Billie Corgan já havia deixado sua marca com os dois bons álbuns de estreia: Gish, de 1991 e Siamese Dream, de 1993. Após o enorme sucesso da balada "Disarm", o mundo se preparou para o lançamento de "Mellon Collie And The Infinite Sadness", o álbm duplo do Smashing Pumpkins. A pré-audições dos principais críticos de revistas especializadas em música aqueceram ainda mais as expectativas, e o lançamento confirmou o que se esperava. O mundo estava diante de um momento épico.
A abertura
dos trabalhos coube à poderosa "Bullet With Butterfly Wings", que já
mostrava um Smashing Pumpkins mais inovador e desafiador. O próprio Corgan
admitiu que todo o sucesso feito pelo grunge nos anos anteriores, sobretudo com
o Nirvana, fez com que ele se sentisse pressionado, por ele mesmo, a produzir
um álbum grandioso e único. Algo que nasceu com a proposta de entrar para a
história. Dito e feito!
Os grandes
hits desse álbum foram as melódicas "1979" e "Tonight
Tonight", que se transformou em um vídeo clipe impactante dirigido pela
dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, e rendeu a banda seis prêmios no Video
Music Awards, de 1996. Fora isso, no mesmo ano a banda concorreu a sete prêmios
Grammy. Sem a menor sombra de dúvida, os Smashing Pumpkins foram a banda mais
comentada daquele ano, e certamente a mais aplaudida.
Guardadas
as devidas proporções, algumas das canções gravadas nesse álbum lembram boa
parte do repertório do Queen, pelo flerte com orquestras, utilização de
violinos, sempre aliados ao peso de guitarras distorcidas. Essa junção foi certamente
o ponto principal do estrondoso sucesso do álbum, até porquê tudo isso foi
feito de maneira brilhante, sem parecer apelativo ou exagerado. É como se fosse
uma receita para um jantar de gala, em que cada ingrediente é adicionado após
um minucioso estudo e muito cuidado.
Infelizmente,
"Mellon Collie And The Infinite Sadness" não ocupa hoje o lugar que
merece. Em todas as eleições de grandes discos da história do rock, esse álbum
nunca aparece. Um grande equívoco. Afinal de contas, ele não fica atrás de
grandes obras de bandas mais cultuadas. O próprio destino da banda, após esse
disco favoreceu esse parcial esquecimento. Dominado pela vaidade, Billie Corgan
se deixou levar pelo sucesso e nunca mais foi o mesmo. Consequentemente, sua
banda nunca mais foi a mesma. Agora, vamos lembrar dos tempos áureos,
relembrando o premiado clipe de "Tonight Tonight".
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