Por Ana
Paula Barbosa
De
“Usuário” (1995) até “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça” (2000), dois de três dos
álbuns de Planet Hemp, muita coisa rolou na história da banda de Marcelo D2.
A banda
surgiu a partir de um encontro entre D2 e o artesão Skunk no bairro do Catete
no Rio de Janeiro em 93. A ideia era criar um grupo de Rock, mas a falta de
habilidade instrumental dos dois membros os fez migrar para o rap, algo que
mais tarde se transformou com a chegada de Rafael Crespo, Bacalhau e Formiga,
que trouxeram guitarra, bateria e baixo ao grupo, possibilitando a junção de
uma mistura de ritmos denominada por eles como
"Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga". Mais tarde se uniram à banda
Maurinho Branco nos Teclados, DJ Zé Gonzales, dominando o Scratches, Black
Alien e BNegão no vocal.
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Usuário foi o primeiro disco da banda, consagrado pelos hits Legalize Ja e Mantenha o Respeito |
O “hemp” do
nome vem da palavra cânhamo, derivativa de maconha em inglês e foi extraído da
revista gringa High Times, especializada na “cannabicultura”. A história do
cultivo da maconha associado ao nome do grupo rendeu algumas dores de cabeça
por “apologia ao consumo da droga”. Mas o rótulo não inibiu o sucesso da banda,
ao contrário, a pegada irreverente e contracultura do grupo tornou a Planet
Hemp um sucesso de vendagem nos anos 90. Em “Usuário”, a banda carioca trouxe
sons como "Porcos Fardados", numa crítica a violência policial,
"Mantenha o Respeito", “Legalize já” - som que teve o videoclipe
censurado na época - e "Skunk" totalmente instrumental, numa homenagem
ao criador da banda que faleceu vítima de AIDS em 94, um ano após o surgimento
do grupo.
Em 97, a
banda lançou “Os Cães Ladram mas a Caravana Não Pára”, produzido por Mario
Caldato Jr. reverenciado por trabalhos com bandas como Beastie Boys, sucesso do
hip hop americano. O álbum que trouxe
"Queimando Tudo", "100% Hardcore" e "Nega do Cabelo
Duro" vendeu mais de 500 mil cópias e trouxe além dos ritimos já
empregados na banda influências da bossa-nova, jazz e samba.
Durante a
turnê do álbum, num concerto em Brasília a banda foi presa sob acusação de
apologia às drogas, mas com um “habbeas corpus” logo a prisão foi revogada e no
lugar da discriminação a banda conseguiu com o incidente apoio político de ONGs
pró uso de drogas leves, de ativistas e ainda mais fãs. Foi nessa época que
BNegão saiu da banda, mas ainda com participações em algumas músicas do álbum,
fase em que chegaram Black Alien no lugar de BNegão, Zé Gonzales e Apollo.
Em 97 com o
sucesso de “Os Cães Ladram mas a Caravana Não Pára”, a banda concorreu com duas
indicações ao VMB, consagrada premiação da época da MTV Brasil. Um ano depois,
Marcelo D2 deu um tempo com o Planet para gravar “Eu Tiro é Onda” nos Estados
Unidos, tendo voltado à banda em 2000 com o álbum "A Invasão do Sagaz Homem
Fumaça" que fechou o ciclo do grupo tendo como formação a volta de BNegão
ao vocal, Marcelo D2, Zé Gonzales nas picapes, Apollo nos teclados, Rafael
Crespo na guitarra e Pedrinho na bateria.
Em 2011, a
banda foi convidada a produzir o álbum “MTV ao Vivo: Planet Hemp”, título que
foi lançado em CD e DVD pela emissora. A época, a banda se separou, tendo feito
um show em 2003 num festival em Portugal e retornado recentemente em 2013 com
uma nova turnê aberta no Circo Voador – Rio de Janeiro que rememora os sucessos
de carreira do grupo.
Lembre
agora do polêmico Legalize Já, clipe de estreia da banda e que rendeu na época
uma espécie de selo de garantia da MTV Brasil, apesar da autorização de sua
veiculação apenas no horário noturno, após às 22h.
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